Insuflação Nasal de Alta Velocidade Para Suporte Pós-Extubação

Com a pandemia da COVID-19, estamos prestando muita atenção aos ventiladores como ferramentas para ajudar os pacientes gravemente enfermos. Eventualmente, esses pacientes são extubados e é bem sabido que a extubação deficiente é associada a um risco maior de mortalidade e morbidade.1 Portanto, quais são as ferramentas que ajudam esses pacientes no período pós-extubação?

Uso da cânula nasal de alto fluxo (CNAF)

Tradicionalmente, a terapia de oxigênio de baixo fluxo e a ventilação com pressão positiva não invasiva (VNIPP) têm sido os dispositivos para ajudar no suporte a pacientes no período pós-extubação. Nos últimos anos, a cânula nasal de alto fluxo (CNAF) tem se tornado uma ferramenta mais amplamente aceita para esse procedimento. Estudos realizados por Hernandez e colegas mostraram que a CNAF é superior à terapia de oxigênio convencional e possui ação similar em eficácia à VNIPP, evitando a reintubação.2,3 Além disso, Stephan e colegas descobriram que em pacientes com cirurgia torácica, a CNAF tinha uma eficácia similar à da VNIPP em evitar ou resolver desconfortos respiratórios agudos durante o período pós-extubação.4

Entretanto, é importante notar que esses estudos excluem pacientes hipercápnicos e são focados somente em pacientes hipoxêmicos. Embora a CNAF tenha vantagens atraentes sobre a VNIPP, como uma interface mais confortável que permite aos pacientes falar, comer e tomar medicamentos por via oral, ela tem limitações quando aplicada a pacientes hipercápnicos. É por isso que alguns médicos implementam a CNAF intercalando com a VNIPP.

Uso de uma combinação de CNAF e VNIPP

Thille e colegas publicaram recentemente um estudo no JAMA, intitulado “Effect of Postextubation High-Flow Nasal Oxygen With Noninvasive Ventilation vs High-Flow Nasal Oxygen Alone on Reintubation Among Patients at High Risk of Extubation Failure: A Randomized Clinical Trial.” O ensaio descobriu que quando se usa a CNAF intercalando com a VNIPP em pacientes de alto risco de falha na extubação, o risco de reintubação diminui significativamente em comparação com o uso da CNAF isoladamente.5

Na discussão, os autores observam que “a ventilação não invasiva (VNIPP) pode ser benéfica nos resultados dos pacientes hipercápnicos…” Eles também notaram que os “pacientes com idade acima de 65 anos ou com doenças cardíacas crônicas subjacentes ou doenças respiratórias também tinham um alto risco de reintubação e poderiam se beneficiar da ventilação não invasiva.”5 Essa interpretação está em sintonia com nosso entendimento de que a hipercapnia é um fator que leva a um esforço respiratório maior e que pode exigir a intervenção do suporte ventilatório.

Uso da insuflação nasal de alta velocidade

Dadas as chances de sucesso da extubação usando uma combinação de VNIPP e CNAF, os médicos devem estar cientes da insuflação nasal de alta velocidade (HVNI) como uma ferramenta de suporte pós-extubação. A HVNI é uma forma de VNIPP sem máscara que oferece suporte ventilatório,6 mas é muito similar à CNAF no que se refere ao conforto do paciente.

Ao usar uma cânula nasal com orifício estreito para fornecer ao paciente gás condicionado em alta velocidade, a HVNI alcança uma eficácia comparável à da VNIPP em pacientes hipercápnicos e hipoxênicos, mas sem máscara. Além disso, uma análise de um subgrupo sugere que a HVNI pode ser uma alternativa viável à VNIPP no tratamento de pacientes com desconforto respiratório secundário à Insuficiência Cardíaca Descompensada Aguda.7

Ela é uma ferramenta que combina a eficácia da VNIPP com o conforto da CNAF, possibilitando que os pacientes possam falar e se comunicar sem que a máscara atrapalhe sua comunicação. Eles também recebem gás condicionado de maneira ideal que garante a saúde e o funcionamento das vias aéreas. Essa terapia confortável e eficaz, pode ser uma opção atraente para o suporte respiratório pós-extubação, tanto para pacientes com COVID-19 como outros.

Referências

1. Epstein SK et al, Effects of Failed Extubation on Outcome of Mechanical Ventilation. CHEST. 1997; 112(1); 186-192.
2. Hernandez et al, Effect of Postextubation High-Flow Nasal Cannula vs Conventional Oxygen Therapy on Reintubation in Low-Risk Patients: A Randomized Control Trial. JAMA. 2016; 315(113);1354-1361.
3. Hernandez et al, Effects of Postextubation High-Flow Nasal Cannula Cannula vs Noninvasive Ventilation on Reintubation and Postextubation Respiratory Failure in High Risk Patients; A Randomized Controlled Trial. JAMA. 2016; 316(15):1565-1574.
4. Stephan et al, High-Flow Nasal Oxygen vs Noninvasive Positive Airway Pressure in Hypoxemic Patients After Cardiothoracic Surgery: A Randomized Clinical Trial. 2015; 313(23): 2331-2339.
5. Thille, A.W. et al. Effect of Postextubation High-Flow Nasal Oxygen With Noninvasive Ventilation vs High-Flow Nasal Oxygen Alone on Reintubation Among Patients at High Risk of Extubation Failure: A Randomized Clinical Trial. JAMA. 2019 Oct 2;322(15):1465-1475. doi: 10.1001/jama.2019.14901.
6. Doshi P, Whittle JS, Bublewicz M, et al. High-Velocity Nasal Insufflation in the Treatment of Respiratory Failure: A Randomized Clinical Trial. Ann Emerg Med 2018;72:73-83 e5.
7. Haywood, Steven T, Jessica S. Whittle, Leonithas I. Volakis, George Dungan II, Michael Bublewicz, Joseph Kearney, Terrell Ashe, Thomas L. Miller, Pratik Doshi. “HVNI vs NIPPV in the treatment of acute decompensated heart failure: Subgroup analysis of a multi-center trial in the ED.” The American Journal of Emergency Medicine, 2019. https://doi.org/10.1016/j.ajem.2019.03.002