Estudo Sugere que há uma boa Tolerância na Alimentação Oral de Crianças com Bronquiolite sob Cânula Nasal de Alto Fluxo

Em maio de 2017, Sochet e colegas publicaram os resultados de um estudo prospectivo de coorte observacional unicêntrico na revista Hospital Pediatrics, intitulado “Oral Nutrition in Children With Bronchiolitis on High-Flow Nasal Cannula Is Well Tolerated.” O estudo analisou 132 crianças (1 mês – 2 anos) que foram diagnosticadas com bronquiolite, mas sem outras comorbidades, e que foram colocadas em Cânula Nasal de Alto fluxo (HFNC) com variações de fluxo entre 4-13 LPM, com a variação de fluxo ajustada conforme o peso 0,3-1,9 L/kg/min.1 128 dos pacientes (97%) receberam alimentação oral, enquanto que 4 (3%) foram alimentados através de sonda nasogástrica. Os resultados primários foram que uma criança (0,8%) apresentou insuficiência respiratória relacionada à aspiração, enquanto que 12 delas (9,1%) tiveram interrupções na nutrição.

A única paciente que apresentou insuficiência respiratória relacionada à aspiração tinha três meses de idade e estava com uma sonda nasogástrica com uma frequência respiratória de 22 e um fluxo na HFNC de 5 LPM (peso ajustado a 0,6 L/kg/min). A aspiração ocorreu 30 minutos após o início da nutrição nasogástrica contínua. Dos demais 11 pacientes que tiveram interrupções na nutrição, 10 foi por taquipneia, enquanto que um deles foi por aumento do esforço respiratório. A taxa média de fluxo no momento da interrupção da nutrição foi de 6 LPM, a mesma do momento do início da nutrição.

Assista Brett Manley, Bradley Yoder e Amir Kugelman discutindo a alimentação de bebês sob alto fluxo »

Não houve diferença clínica registrada nas características entre a coorte que sofreu interrupções nutricionais e os pacientes que não o tiveram. Os pacientes que sofreram interrupções na alimentação levaram mais tempo para atingir todas as metas nutricionais (0,9 dias, P = 0,03). Os pesquisadores observam que “65% das crianças de nossa amostra estavam recebendo taxas de fluxo da HFNC iguais ou superiores e 25,8% tinham frequências respiratórias iguais ou maiores no momento do início da nutrição enteral, em comparação com os valores na admissão e no início da HFNC. Essa constatação sugere que é insuficiente considerar somente o uso do fluxo HFNC e as frequências respiratórias dos pacientes para determinar a segurança nutricional, e que é preciso haver outras avaliações.”

Os autores abordam dois estudos anteriores que vinculam a HFNC à aspiração durante a alimentação e observam que eles suspeitavam que a presença de DRGE fosse uma variável confusa nesses estudos. Quanto ao estudo de Sochet e colegas, foram excluídas crianças com DRGE ou outras comorbidades. O critério de exclusão também abrangeu crianças nascidas prematuramente (idade gestacional < 37 semanas). Os autores observam que esses critérios de exclusão podem ter contribuído para que a amostra apresentasse uma incidência muito menor da necessidade de ventilação mecânica (0,8%) em comparação com taxas relatadas anteriormente (7-17%).

No entanto, esse estudo é o maior do gênero até o momento e seus resultados sugerem que a retenção da nutrição de pacientes com bronquiolite em HFNC pode não ser uma prática justificada. Os autores pediram um estudo prospectivo e randomizado para responder definitivamente a essa pergunta.

Para os hospitais que usam a Terapia de Alta Velocidade Vapotherm, vale a pena notar que esses resultados sobre a HFNC poderiam ser extrapolados. Embora a Terapia de Alta Velocidade Vapotherm seja uma forma de ventilação não invasiva sem máscara, seu principal mecanismo de ação é baseado no fluxo.

Referências

1. Sochet, Anthony Alexander et al. “Oral Nutrition in Children With Bronchiolitis on High-Flow Nasal Cannula Is Well Tolerated.” HOSPITAL PEDIATRICS Volume 7, Issue 5, May 2017. http://hosppeds.aappublications.org/content/hosppeds/early/2017/04/17/hpeds.2016-0131.full.pdf